8 de maio de 2011

SEMANA SANTA: Proclamação da Paixão do Senhor



Tema Central

É Jesus Cristo como SERVO-POBRE-SOFREDOR de Deus, pregado na cruz como Rei Universal. Doravante ele é o Sumo Sacerdote, o mediador supremo entre Deus e os homens.

Elementos da Celebração

O elemento fundamental e universal da liturgia desse dia é a proclamação da Palavra, uma vez que a Igreja, por antiquíssima tradição, não celebra hoje a eucaristia. A celebração compõe-se de três partes:

A liturgia da Palavra

O evangelho, conforme uma longa tradição, é o da Paixão segundo S. João ( Jo 18,1-19.42). A Igreja reserva para este dia precisamente pela perspectiva com que o apóstolo apresenta a vida e a morte de Jesus.

A primeira leitura é o texto do profeta Isaías que narra a passagem do servo sofredor ( Is 52,13-53,12). É um trecho do quarto cântico do Servo de Iahweh. Com esta leitura é oferecida a imagem do Cristo sofredor, conduzido ao matadouro como uma ovelha muda, carregando todos os nossos pecados, causa da nossa justificação.

O Salmo responsorial é tirado do Sl 30, cujo versículo 6 Jesus pronunciou na cruz ( Lc 23,46) "... Sou o opróbrio dos meus inimigos... Confio em ti, Senhor... Fazes brilhar tua face sobre teu servo... " A liturgia atribui a Jesus o Salmo inteiro, encontrando nele a descrição de sua paixão e de seu pleno abandono nas mãos do Pai.

A Segunda leitura, é proclamado um trecho da carta aos Hebreus ( 4,14-16;5,7-9). Ela nos mostra Cristo obediente que se torna causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

Depois da leitura da Sagrada Escritura e da homilia, a liturgia da Palavra termina com as orações solenes ( = Oração universal) segundo o esquema da antiga prece litúrgica: convite, intenções, prece em silêncio, "coleta" ( = oração das preces por parte do presidente da assembléia).

São 10 súplicas: pela Igreja, pelo papa, pelas ordens sagradas e por todos os fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos não-cristãos, pelos que não crêem em Deus, pelos governantes e pelos atribulados...

Podemos assinalar a teologia que emerge do lugar que essas orações solenes ocupam depois da proclamação da palavra de Deus. A assembléia, iluminada pela palavra, abre-se à caridade orando pelas necessidades atuais, começando pela Igreja e assim por diante.

A adoração a Jesus na Cruz

Não se oferece o sacrifício eucarístico na Sexta-feira santa. Em lugar da eucaristia fazem-se a apresentação e a adoração da cruz. A atenção da Igreja se fixa no calvário. É um rito que nasce como conseqüência da proclamação da paixão de Jesus. Há nesta veneração o antigo costume de mostrar aos fiéis a cruz, descobrindo-a progressivamente enquanto se canta, três vezes, o Ecce lignum crucis ( eis o lenho da cruz), ao que o povo responde: "Vinde, adoremos! Para a adoração da cruz, aproximam-se os cristãos que exprimem sua adoração pela genuflexão, pelo beijo ou por outros sinais adequados. Ao terminar a adoração, põe-se a cruz sobre o altar, que é símbolo do sacrifício e sacerdócio de Jesus Cristo. A assembléia contempla seu Senhor ( Jo 19,37).

Comunhão eucarística

Terminada a liturgia da adoração da cruz, cobre-se o altar com uma toalha e traz-se o Santíssimo Sacramento. O presidente da assembléia adora-o, fazendo uma genuflexão. Pronuncia-se o Pai Nosso e o embolismo seguido da aclamação do povo, como nas missas. Em seguida dá-se a comunhão à comunidade.

Podemos dizer que o significado desta comunhão fundamenta-se em São Paulo, que alude a uma relação profunda e misteriosa entre a comunhão sacramental e a paixão e morte de Cristo. Na 1Cor 11,26 ele lembra: "Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha." A Eucaristia também é participação da morte de Cristo ( 1Cor 10,15-16).

A solene ação litúrgica da paixão e morte do Senhor termina com a oração pós comunhão, que é uma ação de graças pela nova vida que o Pai nos comunicou pela "morte e ressurreição" de seu Filho, e logo em seguida, a oração sobre o povo que menciona junto a morte e a ressurreição, pedindo que "venha o vosso perdão, seja dado o vosso consolo; cresça a fé verdadeira e a redenção se confirme", e o povo se retira em silêncio após esta bênção.

O jejum pascal

Nesse dia observa-se o jejum chamado "pascal", porque nos faz reviver a passagem ( "transitus") da paixão à alegria da ressurreição. É um sinal exterior da participação interior do sacrifício de Jesus ( 2Cor 4,11), e também como sinal de que chegamos aos dias em que nos tiraram o Esposo ( cf Lc 5,33-35). A tradição desse jejum é antiquíssima, atestada por Tertuliano e Hipólito que, em Roma, a celebração anual da Páscoa começava com o jejum da Sexta-feira santa e prolongava-se durante todo o Sábado, até a celebração da Vigília na noite entre o Sábado e o Domingo.

A Sacrossanctum Concilium, a constituição sobre a liturgia, prescreve: "Sagrado seja o jejum pascal, a se observar na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se for oportuno, a se estender também ao Sábado Santo, a fim de que se chegue com o coração livre e aberto às alegrias do Domingo da Ressurreição " (SC 110).

O jejum pascal não é um elemento secundário, mas como parte integrante da celebração do tríduo pascal.

VIA-SACRA: Seguir os passos de Cristo














Na Sexta-feira Santa às 5hs da manhã iniciamos na Igreja Matriz  a Via-sacra.  Este exercício espiritual consiste em que os fiéis percorram um caminho de reflexão com a caminhada de Jesus a carregar a Cruz desde o pretório de Pilatos até o monte Calvário, meditando simultaneamente a Paixão do Senhor. Tal exercício, muito usual no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas (séculos XI/XIII): os fiéis que então percorriam na Terra Santa os lugares sagrados da Paixão de Cristo quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém. O número de estações ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século XVI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a mudança de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos por outros quadros narrados pelos Evangelistas. O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, pois ocasiona frutuosa meditação da Paixão do Senhor Jesus. Compreende quatorze estações ou etapas, cada uma das quais apresenta uma cena da Paixão a ser meditada pelo discípulo de Cristo. A Via Sacra é um exercício espiritual onde quem reza faz uma mini-peregrinação na Vida de Jesus Cristo contemplando os Mistérios de nossa Salvação, exercício este muito proveitoso para alma.